quarta-feira, 4 de abril de 2007

300

Quando gosto MUITO de um filme, sempre acho difícil saber por onde começar uma resenha ou crítica. Se pelo visual e fotografia magníficos, se pelo elenco, pela edição, modo como se desenrola a história... mas dessa vez vou começar pelas polêmicas que o filme gerou! O filme 300, adaptação da história em quadrinhos de Frank Miller e Linn Varley (publicada aqui como "Os 300 de Esparta"), narra a batalha “suicida” do Rei Leônidas de Esparta e seus 300 soldados conta o exército de milhões do “Deus-rei” Xerxes, da Pérsia. Até ai tudo bem, a história é bem conhecida, os caras foram lá pra morrer mesmo e servir de inspiração enquanto o exército Grego se mobilizava para depois sim botarem o tal Xerxes pra correr, beleza! Usam suas táticas de guerra apuradas diminuindo sua desvantagem numérica ao levar o confronto para o desfiladeiro de Thermopilae, os “portões quentes” (aqui traduzidos como Boca do Inferno), território onde os Persas tinham de atacar em pequenos contingentes. Por enquanto tudo certo... ainda! Então entra o trabalho de Frank e sua esposa Linn. Nos quadrinhos, Xerxes, além de seus 3 metros de altura, possui visual diferente do habitual para os persas. Com a cabeça raspada, corpo quase nu, amplamente ornamentado com correntes e piercings de ouro. Xerxes é o retrato da vaidade e da prepotência de alguém que se acha um Deus. Ao transpor isso para as telas, o diretor Zack Snyder amplia isso , torna-o mais andrógeno, quase assexuado, o que também e plausível para uma “divindade”. Toda essa produção é graciosamente enriquecida pela atuação de Rodrigo Santoro no papel do tirano. Porém, Xerxes – tanto personagem quanto ator – são os maiores alvos de críticas por parte dos “entendidos”. No Irã, onde o filme foi proibido de ser rodado, foi considerado uma ofensa retratar um dos maiores reis de sua história daquele jeito GAY! Já no Brasil, uma implicância prévia com a presença do ator tupiniquim já se fazia notar desde o anuncio do filme. É a mania de achar que porque é bonito não pode ser talentoso. De remetê-lo aos seus papéis globais de novela, que nada mais é do que um ganha pão pra muitos atores, e descartar as excelentes atuações em cinema como em Abril Despedaçado e Bicho de 7 Cabeças. Sua atuação é magnífica, poderosa! Tanto Snyder quanto Miller ficaram encantados com o ator. Snyder disse que achar um ator bonito é fácil, já um bonito e talentoso é coisa rara! Rodrigo é o cara! E não me venha com churumelas...
Depois vem a história do sangue. De que o filme é violento demais, que é só 2 horas de matança gratuita, que pinga testosterona da tela e blá, blá, blá! Vem cá! A história da humanidade por acaso é bem limpinha, né?? Não teve sangue pra tudo quanto é lado? Então, que mania de querer amenizar as coisas e achar tudo violento demais! Praticamente todo o sangue do filme foi feito de maneira digital, o que lhe confere movimentos de uma plasticidade linda! E tudo isso quase sem sujar o chão! O filme é uma carnificina mesmo, mas não descabida como temos visto na nova onda de terror de mutilação que está na moda! As coreografias das lutas são perfeitas, os golpes precisos, tudo calculado, nada gratuito! Bom, falei do sangue, da violência, falei das acusações de boiolice do Xerxes. O que falta pra fechar o barraco? Ah, claro, como podia esquecer! O circo de horrores que é o exército persa! Deformados ninjas, monstros decaptadores, rinocerontes gigantes, aberrações pra todos os lados! Ai vem os malas e dizem: “Isso não era assim, de onde ele inventou isso?” ou então “Qual foram as fontes que ele usou pra cometer essa atrocidade histórica?”. Não dá pra agüentar! Isso é cinema! mas tudo bem, vou tentar explicar: O cabeção, presta atenção no filme, te liga em QUEM ta contando essa história toda! Tudo se trata da criação do Mito, da elevação de soldados a heróis! Aquelas mortes têm que ser épicas pra ter valido a pena e pra fazer o resto da Grécia se mobilizar. Um ataque suicida se torna vitória quando o que se enfrentou durante dois dias foram monstros, guerreiros sobre-humanos comandados por um deus ao invés de um exército de escravos acossados pelo chicote de um tirano megalomaníaco! Quer saber, eu não discuto mais isso. Vai ler um Joseph Campbell e depois a gente conversa tá?! Como eu disse, é difícil falar de um filme tão bom, porque é MUITA coisa pra falar. Hoje falei de alguns pontos que vinham sendo criticados antes mesmo de o filme sair. No próximo post, comentarei o resto e algumas coisas que quero ver alguém em sã consciência criticar. “Loucura? ISSO É ESPARTA!” Lucas Rosa

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