segunda-feira, 9 de abril de 2007

Análise da Primeira Fase do Gauchão

Encerrada a primeira fase do Gauchão 2007, de maneira emocionante, diga-se de passagem, podemos comprovar mais uma vez como o futebol moderno está intimamente ligado com o capital. Quero deixar aqui bem claro que isso é papo para um artigo, para um trabalho de pesquisa mais detalhado, aprofundado e crítico, mas que mesmo assim fiz questão de postar resumidamente.

Os números que fornecerei abaixo, a grosso modo, irão demonstrar mais uma vez que a era da tradição, do “vence quem tem mais camisa” e da paixão está sendo suplantada pela era do capital, do patrocínio, do futebol empresarial, ou seja, do Futebol-Lucro. Veranópolis, Ulbra e Esportivo, sem a mínima tradição no futebol gaúcho (está bem, o Esportivo até vai...) estão classificados, e Brasil de Pelotas, Guarany de Bagé e Internacional (se bem que este não se encaixa no que estou querendo demonstrar, pois se encontra em outro patamar), todos Campeões Gaúchos, estão fora. Ou alguém não gostaria de ver o Brasil de Pelotas e os Xavantes (APAIXONADÍSSIMOS) classificados? Claro que sim, mas o Brasil tem sua sede em Pelotas...

Em disputa 18 equipes de 15 cidades gaúchas, sendo que 6 daquelas se classificaram e 4 foram relegadas ao inferno da Segunda Divisão Estadual (uma espécie de purgatório futebolístico, sem patrocínios, torcida, cotas televisas, mídia, enfim, totalmente DEFICITÁRIA).

Utilizando como fonte a Fundação de Economia e Estatística do Estado (números de 2004) e a Federação Gaúcha de Futebol montei algumas tabelas interessantes sobre a correlação três coisas: futebol, indicadores econômicos (PIB per capita) e indicadores sociais (taxa de analfabetismo). Em negrito destaco os times e as cidades que se classificaram para a segunda fase do torneio e em vermelho as rebaixadas (fora os times de Porto Alegre).

COLOCAÇÃO FINAL – CLUBES

1- GRÊMIO

2- Juventude de Caxias do Sul

3- Ulbra de Canoas

4- Veranópolis

5- Esportivo de Bento Gonçalves

6- Caxias

7- Internacional de Porto Alegre

8- Guarany de Bagé

9- Novo Hamburgo

10- Brasil de Pelotas

11- XV de Novembro de Campo Bom

12- São José de Porto Alegre

13- Santa Cruz de Santa Cruz do Sul

14- São Luiz de Ijuí

15- Guarani de Venâncio Aires

16- São José de Cachoeira do Sul

17- Glória de Vacaria

18- Gaúcho de Passo Fundo

CLASSIFICAÇÃO DAS CIDADES DE ACORDO COM O PIB/PER CAPITA

1- Santa Cruz do Sul - R$ 27.653

2- Canoas – R$ 26.646

3- Campo Bom – R$ 22.360

4- Veranópolis – R$ 21.521

5- Caxias do Sul – R$ 20.485

6- Bento Gonçalves – R$ 19.620

7- Venâncio Aires – R$ 18.666

8- Novo Hamburgo – R$ 13.635

9- Porto Alegre – R$ 11.257

10- Passo Fundo – R$ 11.033

11- Ijuí – R$ 10.061

12- Vacaria – R$ 9.625

13- Cachoeira do Sul – R$ 8.186

14- Pelotas – R$ 7.009

15- Bagé – R$ 6.997

Analisando a tabela do PIB podemos notar que das 6 maiores cidades neste quesito, 4 delas são sede de times que se destacaram na primeira fase: Canoas, Veranópolis, Caxias do Sul e Bento Gonçalves (sempre sem contar Porto Alegre, volto a enfatizar). E das 4 últimas, 2 sofreram com o rebaixamento de seus times locais, Vacaria e Cachoeira do Sul.

CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A TAXA DE ANALFABETISMO

1- Porto Alegre – 3,45%

2- Caxias do Sul – 3,65%

3- Bento Gonçalves – 3,89%

4- Canoas – 4,36%

5- Veranópolis – 4,55%

6- Santa Cruz do Sul – 4,71%

7- Campo Bom – 4,88%

8- Novo Hamburgo – 5,01%

9- Passo Fundo – 5,64%

10- Ijuí – 5,68%

11- Pelotas – 6,25%

12- Venâncio Aires – 6,36%

13- Vacaria – 7,33%

14- Bagé – 7,74%

15- Cachoeira do Sul – 10,26%

Mais uma vez, das 6 melhores cidades, 4 (Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Canoas e Veranópolis) vibraram com suas equipes. E na parte de baixo da tabela, a dupla de cidades “rebaixadas” em todos os campos, Vacaria e Cachoeira do Sul, recebe a também relegada em campo Venâncio Aires, aumentando para 3 o grupo de cidades-sede “rebaixadas” neste quesito.

Ou seja, aquelas equipes que obtiveram maiores êxitos - salvo Porto Alegre, por motivos óbvios, e casos que só o futebol consegue explicar - no torneio foram aquelas cuja sede encontra-se em um pólo econômico importante, cujo poder financeiro dá a base para a atração de patrocínios. Estes patrocínios por sua vez auxiliam o clube na contratação de jogadores, pagamento de salários e garantia de melhores condições de treino e, por que não, de vida.

Não estou afirmando que a economia ditará as regras no futebol e muito menos lhe aconselhando a “virar a casaca” caso seu time seja, sei lá, o Farroupilha, e para isso cito 3 casos: XV de Campo Bom, Santa Cruz e Brasil de Pelotas. Os dois primeiros, apesar de ótimos índices na tabela do PIB e do Analfabetismo, fizeram campanhas medianas e no caso do Brasil, seus números mostram que, fosse uma regra, não precisaria nem sujar as chuteiras, pois já estaria confirmado na Segundona 2008. Mas vale a dica: no bookmaker do ano que vem, visite o site da FEE-RS antes de apostar seus tostões em alguma das equipes.

Spencer Bossardi

GOLS DE GRÊMIO 4x1 São José de Cachoeira do Sul

GOLS DE Brasil de Pelotas 1x0 GRÊMIO

Um comentário:

Anônimo disse...

Velho, beleza de comparações! E como diria certo comentarista: "A estatistica é clara!" Manda quem tem dinheiro... e as vezes, quem tem camisa!